Machado de Assis viralizou nos Estados Unidos: um debate sobre o Brasil outrificado
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n4p51-67Palavras-chave:
Machado de Assis, Brasil, OutrificaçãoResumo
Este artigo tem como objetivo problematizar a falsa positividade na divulgação da literatura brasileira no exterior através de canais de redes sociais, tendo como ponto de partida o vídeo publicado por Courtney Henning Novak, após ler Memórias póstumas de Brás Cubas. A pergunta que lançamos é a seguinte: até que ponto a literatura brasileira e a língua portuguesa estão sendo de fato recuperadas a partir de divulgações em redes sociais? Ou ainda: qual a importância da chancela acadêmica e institucional na validação de obras literárias de escritores brasileiros? Pretendemos, deste modo, verificar brevemente o cenário da literatura brasileira e do ensino de português no exterior – especialmente nos Estados Unidos (Gonçalves, 2012) – e até que ponto sua recepção não aponta para um olhar outrificado, exoticizado (Seligmann-Silva, 2022; Spivak, 2021). Finalmente, como a viralização de determinadas obras não modifica o sistema, essencialmente excludente, cuja base está em uma suposta recuperação do Outro, cujo lócus é, em geral, um país de modernização tardia.
Downloads
Referências
ASSIS, M. O instinto de nacionalidade. São Paulo: Agir, 1873.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1881.
BASTOS, N.; HANNA, V. ‘Bilinguismo, multilinguismo e falantes transnacionais nos EUA: o caso do ensino de português como língua estrangeira’. In: LUNA, J. M. F. (org.). Ensino de português nos Estados Unidos. Jundiaí: Paco Editorial, 2012. p. 191-217.
BOECHAT, N. A americana que viralizou Machado de Assis: ‘igual Shakespeare’. Veja, São Paulo, 18 set. 2024. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/veja-gente/a-americana-que-viralizou-machado-de-assis-o-compara-a-shakespeare/. Acesso em: 12 mar. 2025.
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2011.
BRASIL. Secretaria de Comunicação Social. Migração: quantos brasileiros vivem no exterior. Brasília, DF: Secom, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake/noticias/2024/quantos-brasileiros-vivem-no-exterior. Acesso em: 12 mar. 2025.
CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.
CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. São Paulo: Todavia, 1959.
CANDIDO, A. Literatura e sociedade. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000.
CASANOVA, P. A república mundial das letras. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
CHAGAS, P. R. D. História contextual da autonomia: o caso latino-americano. Todas as Letras Y, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 194-206, abr. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.15529/1980-6914/letras.v17n1p194-206.
DERRIDA, J. O monolinguismo do outro ou a prótese da origem. São Paulo: Perspectiva, 2001.
DIAS, A. B. Influencer dos EUA que viralizou com Machado de Assis opina sobre 'Dom Casmurro'. CNN, São Paulo, 13 jun. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/influencer-dos-eua-que-viralizou-com-machado-de-assis-opina-sobre-dom-casmurro/. Acesso em: 10 mar. 2025.
FITZGIBBON, V. Brigham Young University: o português presente há mais de 60 anos. In: LUNA, J. M. F. (org.). Ensino de português nos Estados Unidos. Jundiaí: Paco Editorial, 2012. p. 18-30.
GONÇALVES, L. O ensino de português como segunda língua nos EUA: desafios antigos e recursos inovadores. In: LUNA, J. M. F. (org.). Ensino de português nos Estados Unidos. Jundiaí: Paco Editorial, 2012. p. 120-135.
GUIMARÃES, H. S. A trajetória editorial de Machado de Assis em inglês (1950-1960). Machado de Assis em Linha, São Paulo, v. 16, p. 1-20, 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-682120231620pt.
GUTH, A.; PRIMO, G.; AMARAL, J. O lugar do português nos Estados Unidos: crenças e motivações para o ensino-aprendizagem de PLA em universidades estadunidenses. Letrônica, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 12-30, jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.15448/1984-4301.2022.1.41043.
MEMÓRIAS póstumas de Brás Cubas: influenciadora americana viraliza ao ler: ‘melhor livro do mundo’. São Paulo: UOL, 2024. 1 vídeo (1min 31s). Publicado pelo canal da UOL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0CWgLBl3P3o. Acesso em: 12 mar. 2025.
MORETTI, F. Conjecturas sobre a literatura mundial. In: SADER, E. (org.). Contracorrente: o melhor da New Left Review em 2000. Tradução de de Luiz Antônio Aguiar e Marisa Sobral. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 45-64.
NOVAK, C. H. Read around the world. Courtney Henning Novak, Pasadena, [2025]. Disponível em: https://courtneyhenningnovak.com/index.php/reading-around-the-world/. Acesso em: 12 mar. 2025.
PERRONE-MOISÉS, L. Vira e mexe nacionalismo: paradoxos do nacionalismo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SCHWARZ, R. As ideias fora do lugar. São Paulo: Companhia das Letras, 1977.
SCHWARZ, R. Um mestre na periferia do capitalismo. São Paulo: Duas Cidades, 2000.
SELIGMANN-SILVA, M. Passagem para o outro como tarefa: tradução, testemunho e pós-colonialidade. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2022.
SOARES, C. O elogio ao egoísmo: a redescoberta de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' nas redes sociais. Brasil de Fato, Rio de Janeiro, 24 maio 2024. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2024/05/24/o-elogio-ao-egoismo-a-redescoberta-de-memorias-postumas-de-bras-cubas-nas-redes-sociais/. Acesso em: 10 mar. 2025.
SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2021.
WOODY Allen elege 'Memórias póstumas de Brás Cubas' como um de seus livros favoritos. O Globo, Rio de Janeiro, 3 nov. 2011. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/woody-allen-elege-memorias-postumas-de-bras-cubas-como-um-de-seus-livros-favoritos-2773696. Acesso em: 10 mar. 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ana Karla Canarinos, Wagner Monteiro Pereira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Entretextos adota a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International, portanto, os direitos autorais relativos aos artigos publicados são do/s autor/es.
Sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito e prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.













