A transmissão antroponímica das famílias da nobreza da terra da capitania de Pernambuco: uma perpetuação simbólica (séculos XVI-XVIII)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2025v18n35p162-192Palavras-chave:
Capitania de Pernambuco, Família, Nobreza da terra, Antroponímia, Reprodução socialResumo
Neste estudo, analisou-se a transmissão antroponímica de oito famílias da nobreza da terra da capitania de Pernambuco para perceber de que forma a reprodução dos sobrenomes colaborou para a sobrevivência dessas famílias e a perpetuação de sua memória ao longo dos séculos XVI e XVIII. Essa pesquisa, dispõe de informações sobre 497 membros de oito famílias da nobreza da terra, sendo possível analisar a origem e a frequência dos sobrenomes transmitidos, incidindo sobre as lógicas antroponímicas e suas mudanças ao longo dos séculos. As informações foram obtidas por meio do cruzamento de fontes de diversas naturezas, como genealogias, e manuscritos de variados fundos, como o Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), entre outros. Essa pesquisa traz alguns esclarecimentos acerca da prática de transmissão dos sobrenomes no período colonial do Brasil, sendo relevante, portanto, para a análise das estratégias de perpetuação de famílias.
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